Três meninas. Três histórias diferentes que se encontram. Três linhas distintas de pensamento, que se unem formando um maravilhoso mosaico de histórias, ideias e experiências. Encontram-se nas afinidades e completam-se nas diferenças, enlaçando-se nas alegrias e tropeços da vida. Escrevem aqui para celebrar, compartilhar e aprender. Para refletir sobre as experiências do passado, as inquietudes do presente e as incertezas do futuro. Nessa sucessão de encontros e desencontros, buscam entender melhor o mundo. Tudo isso regado por um pouco de geografia, política, arte e muito ziriguidum!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Livros para fazer andar o mundo

Clara Luz era uma fada que morava lá no céu com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo Livro das Fadas. Queria inventar suas próprias mágicas.
- Mas minha filha - dizia a Fada-Mãe - todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?
- Não é preguiça não, mamãe. É que não gosto de mundo parado.
-Mundo parado?
- É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado.
Eu sempre gostei muito de ler e, mesmo depois de adulta, continuo uma apaixonada por literatura infanto-juvenil. Os anos trabalhando em livraria e uma irmã pequena também ajudaram a manter essa paixão até hoje. Livro não é só lazer, diversão. Livro também é formação. A leitura transporta para novos mundos, nos permite viajar sem sair do lugar. A leitura também fomenta pensamentos, induz a questionamentos e indagações. Livro faz pensar, refletir e questionar. Talvez por isso sejam instrumentos poderosos de transformação social.
Em casa, um imã na porta da geladeira diz "Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas..."
Ontem, dia 18 de Abril, foi o Dia Nacional do Livro Infanto-Juvenil. A data foi escolhida por ser a data de nascimento do Monteiro Lobato, autor das aventuras que encantaram - e ainda encantam - milhões de leitores no Brasil que se apaixonaram pelas histórias de Pedrinho, Emília e toda a turma do Sítio do Pica Pau Amarelo.
Como o dia 18 é também o dia do meu aniversário, nunca esqueço da data. E ontem me pus a pensar que livros marcaram a minha infância, quais deles ficaram guardados até hoje (na prateleira ou na memória), quais deles talvez tenham plantado uma sementinha que contribuiu para que eu fosse quem sou hoje.
De cara, o primeiro livro que pensei foi "A fada que tinha idéias" de Fernanda Lopes de Almeida com ilustrações de Edu e publicado pela editora Ática. O livro conta as histórias de Clara Luz, uma fadinha rebelde que não se conformava com a monotonia da escola das fadas que desde sempre ensinava as mesmas coisas, as mesmas receitas de mágica, sem nenhuma idéia nova ou qualquer inovação. Clara Luz acreditava nas novas idéias para fazer o mundo andar, como diz no diálogo reproduzido no início desse post. O livro me marcou. Marcou tanto que, na primeira livraria em que trabalhei, me chamavam de "fadinha", em referência ao jeitinho inconformado e à personalidade ativa de Clara Luz.
Os livros infantis às vezes traduzem sentimentos delicados, histórias fortes, mensagens poderosas, mas de maneira simples e acessível para as crianças. Talvez por isso sejam tão fascinantes. Recobrem de magia e encantamento assuntos às vezes difíceis ou complicados. E, por isso mesmo, têm um papel fundamental na nossa formação. E, ao influenciar nossa formação, cumprem também um papel fundamental na construção de um mundo melhor, porque ajudam a formar seres humanos melhores.
Assim, aqui fica uma humilde homenagem a todos aqueles que de alguma forma são responsáveis pelos livros infanto-juvenis: autores, ilutradores, editores, contadores de histórias, e também aos leitores que ao ler um livro dão sentido a todo esse trabalho.
E quanto a você? Que livro marcou sua infância?

Na caixa de som, Casuarina!

24 comentários:

Alexandre disse...

Dois livros marcaram muito (acho que não só a mim, mas a minha geração): O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho, com seu universo de álbuns de figurinhas; e Os Meninos da Rua Paulo, do húngaro Ferenc Mólnar e traduzido para o português pelo grande Paulo Rónai. Bom, isso sem falar, é claro, de toda a coleção do Monteiro Lobato para crianças, que ganhei do meu pai e li um a um, fazendo comentários por escrito e tudo.

Dani disse...

Aaaiiii....

Que bom início de tarde esse. Obrigada pela viagem que você me proporcionou agora.

As obras Monteiro Lobato e José Mauro de Vasconcelos foram, sem dúvida minha iniciação na literatura. Ganhei de presente as obras de ambos. Ma o livro que mais marcou minha infância foi Meu Pé de Laranja Lima. Livro que tive o prazer de reler ano passado.

Aliás tenho essa mania. Releio todos os meus livros.

Bjos

Anônimo disse...

Sem dúvida o livro que marcou minha infância foi "Bem do seu tamanho" de Ana Maria Machado. Uma delícia de estória e de descobertas sobre o "tamanho"... por que às vezes somos pequenos demais, ou grande demais, o que é crescer, em que isso implica... Helena e seus amigos são cativantes para mim até hoje! FOFO!

Na minha adolescência (11, 12 anos) devorei aquela coleção do Pedro Bandeira "Os Karas" (Droga da Obediência; Pântano de Sangue; Anjo da Morte; A Droga do Amor; Droga de Americana!)... acho que foi o "Harry Potter" da nossa geração (da galera que está re-debutando agora).

Na juvetude minha super descoberta foi Eça de Queirós. Li "os Maias", AMEI, e não parei mais...

Henri disse...

Rê...viajei milhares de anos, agora! Eu tinha esse livro da fadinha Clara Luz! E achava lindo, lindo...as ilustrações eram tããããooooo fofas. Gente, vou ter de procurar esse livro quando for ao Acre de novo! Que lembrança boa! Obrigada! =)
Nossa, sessão nostalgia pura! Eu também li Monteiro Lobado, claro! E adoraaaava os Karas!! Escrevia com o código TENIS POLAR e tudo mais! Também inventei um código pra mim! Lembro até hoje da história da tia e do avião rosa em Pântano de Sangue! Ah, e A Marca de uma Lágrima! Muito fofo!
Ah, também li outros clássicos da coleção Vaga-lume: Cabra das Rocas, O Escaravelho do Diabo...e os do Ganymédes José: Uma Menina Chamada Rita, a Ladeira da Saudade...ai, amo esse último! Geeeente, que viagem boaaaa!!!
Beijosss

Anônimo disse...

Eu também criei um código!!! E lembro até hoje!! hahaha Que incrível, não?

Meu preferido era Anjo da Morte...

Viagem ótima!

Renata disse...

Alexandre: não li Os Meninos da Rua Paulo, mas ouço falar tão bem que acho que vou pegar pra ler. EU me lembro também de quando ganhei a coleção completa do Monteiro Lobato do meu pai de presente. Tenho a coleção até hoje. Esse Gênio do Crime eu não conhecia, mas essa história de colecionar figurinha me remeteu a um post recente no blog do Mauricio Stycer em que ele falava sobre essa paixão por album de figurinhas.

Dani: que bom que gostou do post! Eu também adoro reler livros... Acho que por isso não consigo me desfazer deles. Apesar de achar importante doar e circular os livros, em geral eu prefiro tê-los ali, sempre a mão, caso me dê vontade de folhear ou reler.

Tati: eu também AMEI a série dos Karas!! Acho que marcou nossa geração ne? E a Ana Maria Machado... essa é maravilhosa mesmo, imortal, sobrevive a qualquer tempo. Vale a pena ler sempre, em qualquer idade. Menina Bonita do Laço de Fita, Bisa Bia Bisa Bel... são tantos e tão maravilhos...

Henri: esse post fez a gente ir mesmo lá no fundo do baú né?
Procure o livro sim! Esse é daqueles que vale a pena ser guardado.

Beijos!

Henri disse...

PIPA, ER KISIR RIE MONHESOR QUO HISSY TEPPOS!! =)

HOLSA-BOAJE!

Anônimo disse...

PUTZ! Não lembro... Traduz!! hehehe

Henri disse...

Hahahahha...
Tati, coloca uma palavra sobre a outra e substitui as letras.
T E N I S
P O L A R

Patricia disse...

Rêêê... Que coisa boa lembrar da Clara Luz! :)
A fada que tinha ideias foi sem dúvidas, o livro que me marcou.
Primeiro pela história da fadinha rebelde com a qual identifiquei-me e desenvolvi uma paixão pelas fadas que me acompanha até hoje.
Segundo, porque esse foi o primeiro livro "grandinho" que eu li. Ao terminá-lo senti-me uma adulta!
Fiquei com aquela sensação de "Agora eu leio livros grandes, não mais aquelas coisinhas pequenas de 15 páginas com figuras enormes e textos de duas frases!"
Impressionante, como nunca esqueço da sensação proporcionada por este livro.
Preciso achá-lo agora!! Será que minha mãe guardou?
Amei Rê!!! :)

Patricia disse...

Ahhh... Também adorei a trilha sonora!
Essa música do Casuarina é muito fofinha!! Perfeita para a postagem!

Juliana (A Tuca!) disse...

Ai, gente!

Posso dizer dois ao invés de um?

Os livros que mais me marcaram foram "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída" - li essa biografia aos 11 anos, escondida da minha mãe - e "Capitães da Areia" - do grande Jorge Amado.

Mas há outros títulos que li e reli milhares de vezes como "Raul da ferrugem azul" (Poxa! Ninguém mencionou este!).

Será que apenas eu amei esse livro?

E "O menino do dedo verde"?

Qto ao Pedro Bandeira, sinto informar mas eu ADORAVA tb!

Primeiro li "A droga da obediência".
Segui com "A marca de uma lágrima", "Anjo da morte", e assim por diante...

Aliás, "A marca de uma lágrima" eu adorava até dar as minhas amiguinhas de escola como presente de aniversário.

Livro é sempre um bom presente!

Henri disse...

Meninas, esse é para a Tuca:
Tentei deixar um comentário no seu blog, mas não consigo, pois não deixa eu ir pelo OpenID...Já tentei colocar meus dados do Google, mas tb não aceita. =(
Enfim, mas só pra dizer que adorei o texto sobre o desenlace. Esse tema mexe muito comigo.

Beijos

Juliana (A Tuca!) disse...

Que isso???

Como assim não foi aceita?

ABSURDO!!!!

Eu, hein?!

Fiquei triste agora!

Snif! :(

Anônimo disse...

E por falar em Jorge Amado, li um dos livros mais traumatizantes para uma infância/juventude desse autor. Quer dizer, na época (eu tinha uns 9 10 anos) fui obrigada a ler para a escola "O gato malhado e a andorinha sinhá" e achei um pooooooorre! Sorte que tínhamos que ler outros livros no mesmo ano, e os outros eram legais...
Não sei se eu acharia a mesma coisa hoje, afinal, gosto de outros livros do Jorge Amado. Mas esse era realmente chato.

Henri disse...

Super bem lembrado, Tuca! Também li Christiane F., quando tinha 13 anos, e fiquei MUITO impressionada. Além de aversão às drogas, esse livro me deixou outra mensagem: cabelo vermelho é lindo! hahahahaha
Também li O Diário de Anne Frank, que é sofriiiido, mas lindo.
Ai, preciso comentar sobre A Ladeira da Saudade. A história se passa em Ouro Preto e conta o romance de Marília e Dirceu, que também eram os codinomes do poeta Tomás Antônio Gonzaga e Dorotéia, sua amada. É uma história fofa, que fala sobre preconceito racial. Fiquei tão apaixonada por esse livro na época, que quando fui a Ouro Preto, além dos pontos turísticos básicos, fiz questão de visitar a casa do poeta.
Ah, e A Moreninha, que se passa em Paquetá. Aliás, conheci um monte de cariocas que nunca foram a Paquetá! Quem daqui conhece a Ilha?
Jisus...empolguei de novo! =)

Renata disse...

Paty: ler as periécias de Clara Luz foi uma delícia né? A autora tem outros livros maravihosos tb, me lembro até hoje do Equilibrista. (Esse tb se perdeu na mudança, mas já comprei outro exemplar...rs).

Tuca: tambám adorei Christiane F, li mais ou menos com essa idade tb (uns 12) e me impressionou muito. Mas acho que os livros que mais marcaram a minha adolescência foram os mais políticos mesmo (Olga, do Fernando Morais, e As Veias Abertas da America Latina, do Eduardo Galeano). Mas aí nessa época descobri os livros de não-ficção e a literatura acabou ficando meio de lado por um tempo...

Tati: eu tb tive uma experiência ruim com Jorge Amado. O primeiro livro que li dele foi "Terras do Sem Fim", eu era muito nova... achei um saco. Ler uma descrição de duas páginas sobre como a lua vermelha refletia no rio, não era pra mim naquele momento...rs Mas, claro, AMEI Capitães da Areia.

Patricia disse...

Gente, vamos combinar! Jorge Amado é um saco!! :)
Podem falar!! Ninguém vai fuzilar!!
Tenho um bloqueio com o cara!
Rê estou descobrindo que tivemos uma iniciação muito parecida nas nossas leituras!
Também li o "Veias abertas" na adolescência. Fiquei muito marcada por esse livro. Lembro que foi um pouco sofrido lê-lo naquela idade, mas a partir dali me apaixonei pelo Galeano.
Henri, já fui à Paquetá várias vezes... Quando criança confesso, mas já fui...
"Ei barca, me leva pra Paquetá!
Ei barca, me leva pra Paquetá!
Mais uma vez pra firmar!!!
Ei barca me leva para Paquetá..."
Existe este partido alto! :)

Anônimo disse...

EU NUNCA FUI A PAQUETÁ!!

Pronto, falei!

Antes que o Tarek diga que fai me denunciar no blog, eu mesma faço...hehe

Mas fui ao Cristo, fui ao Pão de Açúcar, à vista chienesa, ao "mesão do imperador" (segundo o nosso amigo Herivelton...), à prainha, à macumba, à paria do diabo, conheço a restinga da Marambaia, já comi no restaurante da Tia Penha, lá para aquelas bandas(caaaaaro! Putz!), conheço um monte de lugares pitorescos da nossa cidade, mas nunca fui a Paquetá!! Buáááááááá!!

P.S. Capitães de Areia é legal. De resto, Jorge Amado é mesmo um saco.

Dani disse...

Ufa!

Ainda bem que sou normal, também não gosto de Jorge Amando, mas também gosto de Capitães de Areia e ainda me lembro da impressão ruim que tive quando o li.

E Christiane F..parece que foi o clássico da nossa adolescência. Ainda tenho livro bem surrado de tanto ser emprestado em casa...rsrsr.

Bjos meninas!

Juliana (A Tuca!) disse...

Dani - Ainda bem que ao menos devolveram o livro Christiane F. pra vc, né? Todo podre (igual ao organismo da personagem principal do livro!) mas devolveram...
E... vem k... quer me emprestar não?

Henri - Como assim vc conheceu gente que se diz daqui e que nunca foi a Paquetá? Isso é impossível!!!

Tati - Nunca fui ao Cristo, nem ao restaurante da Tia Penha.
Desses dois points citados, confesso que me sinto bem + atraída pela micro empresa dessa tia aí!

Todos - Como assim?
Só eu gosto das obras do Jorge Amado????
Ninguém leu Tenda dos Milagres?
E Bahia de todos os santos?
E Jubiabá???
Poxa!
Eu amo os livros desse coroa tarado!

Anônimo disse...

HAHAHAHAHA!!!!!

Pode crer! "Coroa Tarado" é um ótimo codinome!!!

Dani disse...

Então Tuca...sabe o que é...rsrsr. Eu sempre recupero meus livros porque sou a mulher mais chata do mundo pra esprestá-los. Se a pessoa, depois das mil recomendações e ameaças ainda quiser emprestado um livro ou cd meu é porque essa vai devolver com certeza...rsrsr.

Sou muuuuito ciumenta com meus livros! Sofro de imaginar como estão virando as páginas, a capa, se não dormem por cima deles...

Mas já tô tentando melhorar. Eu Juro!

Bjos!

Henri disse...

Tuca, conheço cariocas que nunca foram a Paquetá sim. Agora descobri outra que nunca foi ao Cristo...comasssssssiiiiiimmmm????
Ei, que restaurante da Tia Penha é esse? A comida é boa? Adoro comida boa, de tia, de mãe, de vó...
Programa marcado para a próxima ida ao Rio! =)
Gosto de Jorge Amado, mas prefiro o texto de João Ubaldo. (Sabe "gosto de Juazeiro, mas adoro Petrolina"?)

Beijo