Três meninas. Três histórias diferentes que se encontram. Três linhas distintas de pensamento, que se unem formando um maravilhoso mosaico de histórias, ideias e experiências. Encontram-se nas afinidades e completam-se nas diferenças, enlaçando-se nas alegrias e tropeços da vida. Escrevem aqui para celebrar, compartilhar e aprender. Para refletir sobre as experiências do passado, as inquietudes do presente e as incertezas do futuro. Nessa sucessão de encontros e desencontros, buscam entender melhor o mundo. Tudo isso regado por um pouco de geografia, política, arte e muito ziriguidum!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

REMOÇÃO E DEBOCHE


O prefeito que remove é o mesmo que debocha ao usar as paredes que restaram para apoiar sua propaganda.

No Metrô Mangueira, as placas políticas começaram a aparecer presas às casas destruídas, a maioria do atual prefeito do Rio, Eduardo Paes. "Ele gosta de aparecer, porque até no meio dos escombros ele coloca propaganda. Para ir pra casa, ainda por cima, tenho que olhar pra esse cara", disse Eomar Freitas ao desviar de um vergalhão. "Olha o perigo que passamos aqui!", desabafou. (via Cidades Possíveis)

Leia mais sobre o caso aqui

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

As Olimpíadas e um dos maiores desastres da história


Dois de dezembro de 1984 – mais de 40 toneladas de gás letal vazaram da fábrica de pesticida da Union Carbide em Bhopal, Índia. Este foi um dos maiores desastres industriais da história, e ainda está vivo na memória de muita gente.

“A partir do dia em que o gás vazou, começaram os problemas. Eu comecei a perder minha visão. Os pulmões do meu marido foram gravemente afetados. A minha filha, que nasceu 16 anos depois da tragédia, nasceu com deficiências devido ao gás.”

Esse relato de uma moradora de Bhopal não é uma fala isolada, representa uma queixa coletiva que se arrasta por quase 30 anos. Entre 7 e 10 mil pessoas perderam suas vidas enquanto o gás se espalhava pelos arredores da fábrica. No total, 20 mil pessoas morreram como resultado do vazamento e outras 100 mil sofreram danos permanentes. A fábrica hoje está fechada, mas as instalações continuam poluindo e envenenando o solo, o ar e a água do entorno.

Em frente ao local onde funcionava a fábrica, uma mulher conta: “As crianças ainda vem brincar aqui. As pessoas em casa bebem a água deste solo. Crianças sofrem com deficiências, doenças de pele, e tem problemas de crescimento”.
Já se passaram 28 anos e os moradores de Bhopal ainda sofrem os impactos desse vazamento. São acometidos por diversas doenças e até hoje lutam pela limpeza da área e por uma indenização justa.

E o que tudo isso, afinal, tem a ver com as Olimpíadas? Eu explico.

Em 2001, a empresa Dow Chemical comprou a Union Carbide. Em 2010, a Dow ganhou o status de “parceiro olímpico oficial”, status concedido pelo Comitê Olímpico Internacional. A população afetada pelo vazamento de gás em Bhopal vê neste apoio aos Jogos Olímpicos uma tentativa cínica da empresa de limpar sua imagem e se isentar de responsabilidade.

“A Dow está tentando limpar sua imagem apoiando as Olimpíadas, através do poder do dinheiro. Mas não quer se responsabilizar por Bhopal. A nossa mensagem é que antes a Dow deveria se responsabilizar por Bhopal, e só depois pensar em apoiar as Olimpíadas”, demanda uma moradora da região.

Até hoje, a Dow ainda não limpou a região de Bhopal nem compensou adequadamente seus moradores. A empresa nunca abordou os impactos da catástrofe para os direitos humanos e permanentemente nega a responsabilidade da Union Carbide sobre o ocorrido. Isso parece uma atitude responsável de uma empresa? Mostra algum respeito e compromisso com os direitos humanos? Não, né?

Em Londres, houve muitos protestos contra essa parceria. As manifestações acabaram levantando questões importantes sobre grandes empresas e violações de direitos humanos e os limites que devem existir na relação entre eventos esportivos e culturais e seus patrocinadores. Agora que o Rio de Janeiro se tornou oficialmente a cidade olímpica, a bola está com a gente. O que queremos para o Rio 2016? Eu acho que as Olimpíadas não podem ser usadas para limpar a imagem de quem viola direitos humanos, legitimando tais violações e a falta de responsabilidade das empresas.

E vocês, o que acham? Será que não é hora de começar um amplo debate com os patrocinadores e parceiros das Olimpíadas no Rio?

Texto originalmente publicado no Blog Mulher 7 por 7 no site da Revista Época, e pode ser lido aqui

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A GENTE NÃO QUER SÓ MEDALHA

"No Brasil, aplicações pesadas no esporte seguem a lógica de dar muito dinheiro para quem já é rico e de despachar migalhas para os pobres. Boa parte dos recursos da Lei de Incentivo ao Esporte é utilizada para viabilizar descontos no imposto de renda de empresas que promovem suas marcas em eventos esportivos. De quebra, a lei ajuda a encher os cofres de quem organiza as competições."

(Fernando Molica, no jornal O Dia. Pode ser lido na íntegra aqui )

A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos beneficiam quem já tem privilégios na cidade e os grandes empresários.

As obras de mobilidade não são para transporte de massa e, portanto, não beneficiam o trabalhador. São obras para automóveis individuais, beneficiando a indústria automobilística e de combustíveis, e as empresas de ônibus.

As remoções forçadas e a expulsão dos pobres das áreas centrais e de expansão da cidade, beneficiam o mercado imobiliário e a indústria da cosntrução civil.

Aliás, a construção civil se beneficia muito com todas as obras, tendo lucros muito altos. Mas não garante segurança e condições de trabalho mínimas aos trabalhadores e viola vários direitos trabalhistas. Sem prestar muita conta de nada, com total falta de transparência.

A isenção de IPTU beneficia a rede hoteleira, e as isenções fiscais beneficiam os grandes emrpesários. Os pequenos comerciantes, os moradores de baixa renda, os trabalhadores... ah, esses pagam muitos impostos. 

A movimentação da economia e os recursos que esses grandes eventos esportivos vão trazer vão direto para o bolso das grandes redes, grandes comerciantes, grandes marcas que detêm o monopólio da presença nos arredores dos equipamentos e nos locais onde eles acontecerão.

Os megaeventos esportivos são para benefício, lucro e privilégio de poucos. Para o resto é repressão, criminalização, controle, exclusão.