Três meninas. Três histórias diferentes que se encontram. Três linhas distintas de pensamento, que se unem formando um maravilhoso mosaico de histórias, ideias e experiências. Encontram-se nas afinidades e completam-se nas diferenças, enlaçando-se nas alegrias e tropeços da vida. Escrevem aqui para celebrar, compartilhar e aprender. Para refletir sobre as experiências do passado, as inquietudes do presente e as incertezas do futuro. Nessa sucessão de encontros e desencontros, buscam entender melhor o mundo. Tudo isso regado por um pouco de geografia, política, arte e muito ziriguidum!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Você sabe o que significa "tonga da mironga do cabuletê?"

Recebi essa semana um e-mail que perguntava: Você sabe o que significa "A tonga da mironga do cabuletê"? O e-mail era muito divertido e dizia que era um xingamento em nagô que significaria (o pêlo do cu da mãe) e que teria sido utilizado pelos compositores Toquinho e Vinícius para ridicularizar os militares em tempos de censura, DOPS, AI 5, torturas e... da Bossa Nova em baixa. Achei muito engraçado, realmente, mas decidi investigar (hoje em dia é tão fácil com o Dr. Google..). Encontrei algo parecido, mas não tão enfático nos xingamentos. Realmente são palavras que têm origem de idiomas africanos, mas a expressão, em si, não tem significado algum. Muito menos o significado dos parênteses acima...

A tonga da mironga do cabuletê é uma canção escrita pelo poeta Vinícius de Moraes e pelo músico Toquinho. Lançada nos anos 1970 pela dupla, foi um de seus maiores sucessos e a expressão ganhou um uso bastante popular, à qual não se empresta nenhum significado particular.

Segundo Toquinho ele teria ouvido a expressão pela primeira vez quando estava na casa de Vinícius de Moraes em Salvador, na Bahia. A então esposa do poetinha, a baiana Gesse Gessy, havia acabado de chegar do Mercado Modelo, e teria ouvido pela primeira vez.

Na composição, os autores informam, sem que seja comprovado, que a expressão seria uma espécie de xingamento em língua nagô. Na época, o Brasil era governado por uma ditadura e essa era a oportunidade de protestar sem que os militares compreendessem. Dificilmente haveria um milico que conhecesse a língua nagô...

De acordo com o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, estas palavras significam o seguinte:

(1) tonga (do Quicongo), "força, poder"; segundo o Dicionário Aurélio, também pode ser uma palavra angolana para "terra a ser lavrada" ou "lavoura". É, ainda samtomensismo (relativo ao arquipélago de São Tomé e Príncipe) depreciativo, para designar descendentes de portugueses, nascidos nas ilhas.

(2) mironga (do Quimbundo), "mistério, segredo" (Houaiss acrescenta: "feitiço");

(3) cabuletê (de origem incerta), "indivíduo desprezível, vagabundo" (também empregado para designar um pequeno tambor que vai preso em um cabo, usado na percussão brasileira).

A despeito do significado literal, segundo o poeta Vinícius de Moraes, a expressão foi escolhida pela sua sonoridade, sem valor semântico, mas com alto valor sugestivo. É uma inovação linguística que se instalou na cultura popular brasileira.

Entretanto, constitui-se numa expressão sem sentido, mas com sentido poético dado pelo poema musicado.

O e-mail perdeu parte da sua ênfase e da sua carga dramática (hehehe), mas a história continua muito boa!

Em tempos de aniversário da abominável ditadura militar no Brasil (o golpe fe 1964 foi dado em 31 de março ... há 47 anos) segue a letra da música que é uma diversão só...

A Tonga da Mironga do Cabuletê (Toquinho e Vinicius)

Eu caio de bossa Eu sou quem eu sou

Eu saio da fossa

Xingando em nagô

Você que ouve e não fala

Você que olha e não vê

Eu vou lhe dar uma pala

Você vai ter que aprender

A tonga da mironga do cabuletê

A tonga da mironga do cabuletê

A tonga da mironga do cabuletê

Eu caio de bossa

Eu sou quem eu sou

Eu saio da fossa

Xingando em nagô

Você que lê e não sabe

Você que reza e não crê

Você que entra e não cabe

Você vai ter que viver

Na tonga da mironga do cabuletê

Na tonga da mironga do cabuletê

Na tonga da mironga do cabuletê

Você que fuma e não traga

E que não paga pra ver

Vou lhe rogar uma praga

Eu vou é mandar você

Pra tonga da mironga do cabuletê

Pra tonga da mironga do cabuletê

Pra tonga da mironga do cabuletê

5 comentários:

Luciana Conti disse...

Oi, Renata, que legal te encontrar neste mundo de blogs. Adorei o blog e a ideia de juntar as três meninas do Brasil. Vou voltar aqui mais vezes. bjs

Patricia disse...

Obaaa!!
Nova leitora!!
Volte sempre!!

Anônimo disse...

Volte, sim, Luciana!!

Fidel disse...

Essa música foi composta depois da quarta garrafa de uísque...

Renata disse...

Oi Luciana!
Que bom que gostou do blog!
Volte sempre!
Beijo grande!